O ASSASSINATO DA MORALIDADE

Quando os milhões de um país definham à fome, sem conseguir, fazer uma refeição ao dia, por causa da má governação e da ladroagem de colarinho branco e, uns poucos, apossados de milhões de dólares do erário público, ostentam níveis indescritíveis de riqueza, estamos diante de gentalha no poder, rica, sim, mas sem valores. São “monstros” insensíveis!

Por William Tonet

O casamento de um(a) filho(a) é um momento sublime, o é ainda mais, se observar respeito pelo contexto do país no momento da celebração. Isso, porque milhões do país real, não têm o que comer ou, melhor, têm como único recurso existencial diário, os contentores de lixo, onde apanham os sobejos de quem ainda tem três ou seis refeições ao dia.

Teria de haver mais sensibilidade, na hora dos eventos, para não “cheirar” a provocação aos 20 milhões de pobres.

Vi, nas redes sociais, o último casamento da filha de quem está no poder. Com poder real de influenciar políticas, jurídicas, económicas e sociais…

É repugnante ver tanta afronta e ostentação de quem enriqueceu no poder. É milionário do poder. Mas pobre, muito pobre, pior que os pobres reais, em valores morais e éticos…

É bonito casar um(a) filho(a), mas respeitando os padrões da ética e moral de um país, num dado contexto…

Um dia a situação poderá explodir, com uma possível “revolução dos pobres”, para resgate da dignidade permanentemente ultrajada.

Ninguém no seu juízo perfeito pode passar ao largo da crítica realidade de fome extrema, que grassa pelo país real.

Os insensíveis que ostentam descomunalmente níveis de riqueza, e realizam festas, desfiles e casamentos luxuosos, da “Alice no país das maravilhas”, têm o mesmo ADN dos delinquentes comuns, pois são “assassinos” dos sonhos de milhões que não têm nada para comer e os filhos viram a educação e saúde roubadas, pelos falsos políticos, magistrados e juristas, que delapidam “corruptivamente” os cofres do erário público, indiferentes a maioria.

Por isso estes ricos do e no poder, ostentam tanta riqueza, que se tornam indiferentes ao oceano de miséria que banha os milhões de pobres.

Os povos, maioritariamente, pretos, atirados para a marginalidade das sociedades, há 49 anos de um poder, cada vez mais, corrupto do regime & arredores, não têm soluções com o silêncio, que, em última instância beneficia os lobos… Os homens que têm preço!

É uma tribo sem higiene intelectual, na generalidade com o cérebro ligado aos intestinos, que masoquistamente pratica o mal contra os fracos, escudado nas armas e canhões.

Os pobres têm valores, dignidade, são ricos na tolerância, por isso a “pradaria” ainda não pegou fogo… Não se confunda por burrice, esticando demais o elástico.

É preciso não continuar a provocação, com estas contínuas vaidades umbilicais, contra quem “por ser generoso” não reage…ainda. Pese atirados ou alojados na marginalidade da sociedade civil, na maioria do ano, não conseguem fazer uma refeição ao dia, por os impostos, inflação e alta dos preços da cesta básica, lhes roubar emprego e ou valor dos mingos salários.

Mais exemplos, para quê?

Os casamentos, as mansões, as frotas de carros, iates e aviões, dos membros do regime, estão à mão de semear… Estes insensíveis, que em 1975, desembarcaram como revolucionários e libertadores, mas cedo se revelaram “substitutos legais do colonialismo” e vampiros da felicidade, sonhos, cultura, línguas e independência imaterial dos povos autóctones.

O bom é que o ponteiro do relógio mental dos povos não pára e tem memória e, no dia da libertação dos corruptos do poder e da sua legião opressora e colonialista de especuladores ocidentais, asiáticos e fundamentalistas islâmicos, serão tocadas baladas em todas sanzalas, becos e ruas, hinos do fim da ditadura, colonialismo e fascismo económico e, com lágrimas de alegria, será hasteada a bandeira da nova era.
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